Ser ansioso não é exatamente agradável – mas, aparentemente, existem algumas vantagens nesse tipo de comportamento. Estudiosos da Universidade Pierre e Marie Curie, de Paris, descobriram recentemente que ansiosos conseguem reconhecer rostos hostis mais rápido que pessoas, digamos, mais tranquilonas. Até aí, nada muito surpreendente: se você já é propenso a sentir frio na barriga e ficar com as mãos suando em qualquer situação mais tensa, é normal perceber rapidamente quando alguém não vai muito com a sua cara ou pode representar uma ameaça. O que surpreendeu os pesquisadores, contudo, foi a reação praticamente instantânea dos ansiosos a esse tipo de estímulo, permitindo que se preparem muito mais rápido para reagir ao perigo– ou simplesmente fugir dele.
Para realizar o experimento, os psicólogos franceses selecionaram vinte e quatro adultos saudáveis e os expuseram a mais de mil expressões faciais, representando diferentes níveis de medo e raiva, entre alguns exemplos de rostos neutros. As reações neurológicas dos pacientes foram captadas com o uso de um eletroencefalograma e questionários para medir seu nível de estresse. Esse questionário também incluia perguntas que ajudaram os pesquisadores a dividir os grupos entre pessoas com baixa e com alta taxa de ansiedade. E foi aí que surgiu a surpresa.
Os encefalogramas registraram movimentações em duas regiões cerebrais: a área fusiforme, responsável pelo reconhecimento de faces, e o córtex motor, que é ativado quando nos mexemos. Essas atividades cerebrais, quando combinadas, representam nossa capacidade de sair correndo (ou ficar para a briga) quando topamos com um rosto ameaçador. A pesquisa revelou que, ainda que os dois grupos (pouco ansiosos e muito ansiosos) tivessem atividade cerebral ao mesmo tempo, os mais estressados tiveram mais resposta na área do córtex motor, mostrando que estavam mais preparados para reagir ao estímulo estressante.
Os autores da pesquisa pontuaram que nenhum dos participantes foi diagnosticado com qualquer distúrbio clínico de ansiedade, como fobia social ou transtorno obsessivo-compulsivo, logo, não ficou claro se esse tipo de ansiedade, que influencia muito o comportamento social, também pode ser benéfica no campo que a pesquisa delimitou. Mas os efeitos do estresse moderado estão se mostrando uma surpresa para a ciência – e muitas outras pesquisas devem continuar explorando esse caminho.
Fonte: Science of Us
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